Food Journeys | Kaiseki, the genius of Rosanjin Kitâoji
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Water scape projected on a table

23 Sep Kaiseki, the genius of Rosanjin Kitâoji

Is it possible to be touched by beauty when looking at a rectangular flat table immersed in a shaded ambience? So deeply that your arms get the chills and the hairs on your neck get bristled?

I’m at Musée Guimet in Paris, at the temporary exhibition dedicated to one of Japan’s iconic figures, Rosanjin Kitaôji, experiencing House of Light, the installation designed by Japanese architect Ryusuke Nanki, composed of two minimalist spaces defined by walls of organdie, which enclose a set of white tables, some benches and a counter from where the viewer can look down.

To introduce Rosanjin as a gourmet and a cook, renowned traditional and sushi restaurants from the land of the rising sun – such as Kyoto Kikunoi and Ginza Kyubei – were invited to participate in a movie in order to convey his philosophy regarding the art of gastronomy.

That is what I’m serenely looking at right now, after experiencing an appetizing sushi meal like I was one of the people being served on the spot: at this moment, I’m overwhelmed with a portrait of admiration for the seasons of the year, for food and for the way it sets a mood on the table.

My heart feels fulfilled in these long minutes of passage between spring, summer, autumn and winter. Every time a season fills the table, my mind rejoices with the sight of nature and the sound of the suggested landscape.

And then comes food. Slowly and majestically served, reaching its place at the table, aesthetically thought to the last detail, pleasing all senses. Kaiseki it is called – Japan’s meal of refined beauty, infused with the season’s atmosphere. With its origin amidst the spirit of wabi, proceeding from the tea ceremony, it is a complete form of art and a sensorial one, a true configuration of hospitality and of appreciation for the season of the year during which is served.

Rosanjin was and still is “the” epicurean figure of Japan, the one who is responsible for the notion we have today of Japanese gastronomy, for the concept of beauty encircling a table and for looking at this as a total art form, one that comprises nourishment, cuisine, tableware and a very special way of touching everyone around it. After him, how can anyone still ignore the way a meal gives itself to the table?

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Kaiseki, o génio de Rosanjin Kitâoji

 

É possível uma pessoa emocionar-se enquanto olha para uma vulgar mesa rectangular sombreada pela atmosfera circundante? Tão profundamente que sente nos braços calafrios e nos pelos do pescoço um alvoroço de primeiro amor?

Estou no Museu Guimet, em Paris, na exposição temporária dedicada a uma das figuras mais icónicas do Japão, Rosanjin Kitaôji, vivenciando a “House of Light”, a instalação desenhada pelo arquiteto japonês Ryusuke Nanki, composta por dois espaços minimais circunscritos por paredes de organza que, por sua vez, circunscrevem mesas, bancos e um balcão a partir do qual o visitante pode alterar o seu ponto de vista global.

Para apresentar Rosanjin como um gourmet e um cozinheiro, reconhecidos restaurantes de sushi e de cozinha tradicional oriundos da terra do sol nascente – como Kikunoi de Quioto e Kyubei de Ginza – foram convidados a participar num filme para traduzir a sua filosofia acerca da arte da gastronomia.

É o que estou a ver agora mesmo, em plena serenidade, após uma apetitosa refeição de sushi me ter sido “servida” como se eu estivesse in loco: neste momento, estou assoberbada com um retrato de admiração pelas estações do ano, pela comida e pelo modo como ela é responsável pela criação de um ambiente à mesa.

O meu coração sente-se realizado nestes longos minutos de passagem entre a primavera, o verão, o outono e o inverno. De cada vez que uma estação preenche a mesa, o meu espírito alegra-se com a visão da natureza e com o som da paisagem sugerida.

E depois vem a comida. Vagarosa e majestosamente servida, alcançando o seu lugar à mesa, esteticamente pensada até ao último detalhe, agradando a todos os sentidos. Tem o nome de kaiseki – a refeição japonesa de beleza refinada e imbuída com a atmosfera das estações. Com a sua origem no espírito do wabi, procedente da cerimónia do chá, é uma forma de arte completa e sensorial, uma verdadeira configuração da hospitalidade e da apreciação pela estação do ano em que é servida.

Rosanjin foi e ainda é “a” figura epicurista do Japão, a pessoa responsável pela noção que temos hoje da gastronomia japonesa, pelo conceito de beleza à roda da mesa e pela sua perceção enquanto forma de arte total, uma que compreende nutrição, confeção, utensílios de cozinha e um modo muito especial de emocionar todos quantos a rodeiam. Depois dele, como pode ainda alguém ignorar o modo como uma refeição se presenteia a uma mesa?

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Mrs. S
s.l.lourenco@sapo.pt
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